Alimentos regionais precisam ser valorizados para desestimular consumo de ultraprocessados, afirma especialista

Alimentos regionais precisam ser valorizados para desestimular consumo de ultraprocessados, afirma especialista

A alteração na legislação que define os alimentos integrantes da cesta básica, feita pelo governo federal em março, foi importante para atualizar regras que datam da década de 1930 e que precisavam refletir as mudanças no conceito de alimentação adequada e saudável ocorridas nesse período. É o que afirma a diretora da ACT Promoção da Saúde e integrante do grupo de referência da Cátedra Josué de Castro, Paula Johns, entrevistada dessa semana no USP Analisa, que destaca também a importância dessa atualização para as políticas públicas do setor.

“A gente vive no Brasil essa situação da fome convivendo com a obesidade, essa pandemia que acontece no mundo inteiro das diversas formas de má alimentação, da má nutrição em todas as suas expressões, seja passando fome, ou seja, ter acesso restrito a alimento, a encher barriga, mas também principalmente a que tipo de alimento que a gente está tendo acesso. Essa atualização é fundamental no mundo de hoje para podermos, inclusive, enfrentar o problema da fome no Brasil com comida de verdade, com comida de qualidade, com aquela comida que nos alimenta e nos nutre”, diz ela.

Paula destaca que, embora os ultraprocessados estejam cada vez mais baratos e acessíveis  principalmente às populações de rendas menores, o Brasil ainda não tem um consumo predominante desses produtos em relação à alimentação como um todo. Segundo ela, apenas 20% da dieta do brasileiro é composta por esses alimentos, índice muito mais baixo do que os de Inglaterra e Estados Unidos, por exemplo, onde os ultraprocessados representam de 60 a 80% da dieta das populações. 

“A gente precisa proteger o arroz com feijão e legumes, verduras e coisas diversificadas. Porque uma dieta saudável é também diversificada, com alimentos locais, regionais, com todos os chamados produtos alimentícios não convencionais. Há uma quantidade enorme de plantas comestíveis que não são nem aproveitadas, frutas regionais, enfim, existe uma riqueza enorme na sociobiodiversidade brasileira. É preciso valorizar, preservar e promover esse tipo de alimentação, porque ela vem sendo substituída por esses alimentos ultraprocessados, produzidos por poucas empresas que são transnacionais. Além de serem produzidos por poucas empresas, são coisas que imitam comida, não são comida de fato”, alerta Paula.

Além da conversa com Paula, o podcast USP Analisa traz uma entrevista com a professora da Faculdade de Saúde Pública da USP e pesquisadora do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da USP, Maria Laura da Costa Louzada. O conteúdo pode ser acessado na íntegra nas plataformas de podcast Spotify, Apple Podcasts, Google Podcasts, Deezer e Amazon Music.

O programa é uma produção conjunta do Instituto de Estudos Avançados Polo Ribeirão Preto (IEA-RP) da USP e da Rádio USP Ribeirão Preto. Para saber mais novidades sobre o USP Analisa e outras atividades do IEA-RP, inscreva-se em nosso canal no Telegram ou em nosso grupo no Whatsapp.

VOCÊ PODE GOSTAR ...