Inflação negativa também reflete desequilíbrio econômico, dizem especialistas

Inflação negativa também reflete desequilíbrio econômico, dizem especialistas

A inflação voltou a trazer preocupação para a vida dos brasileiros há pouco mais de um ano. Mas, afinal, o que é esse fenômeno, como ele está impactando a vida dos brasileiros e o que pode ser feito para reverter esse cenário? Para tentar responder a essas e outras perguntas, o USP Analisa exibe neste mês, na Rádio USP, trechos de uma entrevista com o economista e presidente do Banco Ribeirão Preto Nelson Rocha Augusto e com o professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto da USP Rudinei Toneto Junior, eles que também integram o Conselho Consultivo do Instituto de Estudos Avançados Polo Ribeirão Preto da USP.

Nelson explica que a inflação é um fenômeno complexo, quase sempre fruto de um desequilíbrio macroeconômico. “Quando você tem um desequilíbrio nos gastos, acaba tendo muito mais gastos na economia como um todo do que a própria capacidade de oferta. Se não há uma situação econômica de equilíbrio fiscal, ou seja, os entes da Federação gastando mais do que deveriam, mais do que o orçamento comporta e mais do que é adequado, acaba obviamente impulsionando a inflação pelo excesso de demanda de um lado e, por outro lado, porque os agentes econômicos enxergam aí nessa situação um desequilíbrio que terá que ser corrigido no futuro, porque a dívida vai aumentar e os impostos terão que ser aumentados para poder corrigir essa dívida”, diz ele.

O economista destaca ainda que a inflação é um fenômeno cruel porque tira a capacidade de consumo das classes menos favorecidas. “Quem paga o preço inflacionário é sempre o pobre, porque o rico consegue se defender dela através do mecanismo de indexação, através do mecanismo de ter dinheiro aplicado que acaba rendendo mais porque os juros subiram e assim por diante. É socialmente cruel e inaceitável. Por isso que a inflação tem que ser combatida sempre”.

Rudinei lembra também que índices de inflação muito baixos ou negativos representam um desequilíbrio econômico assim como índices altos. “Um índice de inflação muito baixo ou uma deflação pode sim estar refletindo uma profunda crise econômica. Ela em geral ocorre quando a economia está em um desempenho muito baixo, em geral com desemprego muito alto e baixa atividade econômica. O problema é que uma situação como essa, em um contexto deflacionário, reflete desequilíbrio. Tanto a deflação quanto a inflação provocam questões de transferências de renda entre grupos ou perdas”, explica o professor. 

O USP Analisa é quinzenal e leva ao ar nesta sexta, às 16h45, um pequeno trecho da entrevista, que pode ser acessada na íntegra nas plataformas de podcast Spotify, Apple Podcasts, Google Podcasts, Deezer e Amazon Music.

O programa é uma produção conjunta do Instituto de Estudos Avançados Polo Ribeirão Preto (IEA-RP) da USP e da Rádio USP Ribeirão Preto. Para saber mais novidades sobre o USP Analisa e outras atividades do IEA-RP, inscreva-se em nosso canal no Telegram.

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