A implantação do Novo Ensino Médio trouxe diversas mudanças aos currículos com o objetivo de torná-los mais atrativos aos jovens e adequados à realidade do mercado de trabalho. Apesar disso, há especialistas, professores e estudantes que se opõem ao modelo, questionando uma série de pontos. A titular da Cátedra Instituto Ayrton Senna de Inovação em Avaliação Educacional, ligada ao Instituto de Estudos Avançados Polo Ribeirão Preto da USP, Maria Helena Guimarães de Castro, conversou com o USP Analisa sobre um desses pontos, os itinerários formativos.
Para ela, a confusão que se formou em torno da elaboração desses itinerários nasceu da falta de uma coordenação nacional do processo pelo Ministério da Educação. “Essa coordenação é muito importante porque o MEC tem um papel extremamente relevante na coordenação das políticas nacionais. No caso do Novo Ensino Médio, a coordenação junto aos estados teria sido essencial. Mas ela não aconteceu. Houve um grande empenho dos estados, das escolas públicas e particulares, de muitas entidades no desenvolvimento do currículo, porém faltou uma articulação entre eles, faltou uma coordenação nacional que permitisse aprofundar questões como essa, um currículo com excesso de itinerários, um currículo que você não sabe como vai fazer para fazer a transferência de um aluno de uma escola para outra. Enfim, surgiram muitas questões devido a essa ausência de coordenação nacional”, disse Maria Helena.
Em 2023, a nova gestão do MEC suspendeu o cronograma de implantação e abriu uma consulta pública, que terminou no início de julho, para uma possível reestruturação do modelo. A Cátedra promoveu três webinares em abril e maio para discutir propostas sobre o Novo Ensino Médio e elaborou um documento com contribuições para o ministério. Segundo a titular, entre as recomendações estava a proposta de criação de quatro áreas de aprofundamento acadêmico: Biologia e Ciências da Saúde; Ciências Sociais Aplicadas; Humanidades, que incluiria linguagens, literatura, filosofia e história; e uma área conhecida internacionalmente como STEM, que engloba ciências, tecnologia, engenharias e matemática.
“Com essas quatro áreas, seria possível definir na proposta curricular os itinerários possíveis para os estudantes. Isso daria uma unidade maior à proposta do ensino médio, facilitaria a organização do Enem e dos processos de seleção e acesso ao ensino superior e, ao mesmo tempo, garantiria aos estudantes uma formação sólida”, afirma a professora.
O USP Analisa é quinzenal e leva ao ar pela Rádio USP nesta sexta, às 16h45, um pequeno trecho do podcast de mesmo nome, que pode ser acessado na íntegra nas plataformas de podcast Spotify, Apple Podcasts, Google Podcasts, Deezer e Amazon Music.
O programa é uma produção conjunta do Instituto de Estudos Avançados Polo Ribeirão Preto (IEA-RP) da USP e da Rádio USP Ribeirão Preto. Para saber mais novidades sobre o USP Analisa e outras atividades do IEA-RP, inscreva-se em nosso canal no Telegram ou em nosso grupo no Whatsapp.