Equipe apresenta resultados para secretários de Educação e conselheiros da sociedade civil e acadêmica

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A coordenadora do IEA-RP, Carla Ventura, e o secretário de Educação de Ribeirão Preto, Valdir Martins, durante a reunião

Os secretários de Educação dos municípios de Ribeirão Preto e Batatais se reuniram com o conselho de coordenação da Cátedra Sérgio Henrique Ferreira e conselheiros consultivos do Instituto de Estudos Avançados Polo Ribeirão Preto da USP para a apresentação de resultados de 2024 e planos para 2025. “Ainda há muito a ser feito, e estamos ansiosos para contribuir, para alavancar o desempenho educacional de Ribeirão Preto e demais redes parceiras”, afirmou Mozart Neves Ramos, titular da Cátedra.

Ao apresentar um balanço de todos os estudos e análises de ponta, realizadas pelo Laboratório de Ciências de Dados em Educação que se consolidou no trabalho da Cátedra em 2024, Mozart destacou: “os pesquisadores e estudantes estão nos trazendo muita inovação, eles estão sempre conhecendo novas ferramentas, olhando para Inteligência Artificial e reunindo muitos dados que nós podemos aproveitar. A produção de conhecimento da Cátedra segue intensa!”

Como exemplo, o catedrático mostrou que o levantamento realizado em 2024 para a rede municipal de educação de São Paulo apontou para a secretaria o tamanho da diversidade e das desigualdades em cada uma das 13 regionais da capital. “Se você implantar a mesma política para toda a cidade, provavelmente não vai ter resultados em algumas regiões, pois a realidade é muito diferente. É preciso tomar medidas específicas para atender às necessidades locais, a partir de informações e conhecimento detalhado. Nós ajudamos a dar a dimensão desse problema”, afirmou, reforçando que o trabalho deve prosseguir em 2025, assim como em outras redes públicas de ensino, com as quais a Cátedra realiza análises de dados utilizando métodos estatísticos para auxiliar a tomada de decisões com base em evidências.

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O secretário de de Educação de Batatais, Victor Hugo Junqueira, e o tituolar da Cátedra, Mozart Neves Ramos, durante homenagem

“A Cátedra vem sendo muito importante para nós. Os cursos e as análises de dados nos trazem excelentes subsídios para buscar avanços na nossa rede. Essa aproximação da academia com a Educação Básica é essencial”, afirmou Victor Hugo Junqueira, secretário de Batatais, que foi homenageado no evento. “Para fazer mudanças estruturais é preciso ter coragem para mudar, com comprometimento. Foi o que vimos em Batatais”, destacou Mozart na homenagem.

O novo secretário de Educação de Ribeirão Preto, Valdir Martins, acompanhou as apresentações e reforçou a importância de iniciativas que aproximem as universidades da Educação Básica, por meio do intercâmbio de expertises. “Isso faz muita diferença. Hoje, temos muitas informações fragmentadas e uma dificuldade de entender os bancos de dados, bem como fazer esses cruzamentos para definir políticas públicas”, contou. “As universidades, pesquisadores e instituições podem nos municiar com informações e conhecimentos, para ir além do diagnóstico. A gente tem que construir uma nova narrativa, demonstrar o quanto a educação é importante para a sociedade como um todo. Queremos ampliar os canais de diálogo com todas as instituições e toda a comunidade escolar, para que todos participem dessa construção”, afirmou o secretário.

Formações tiveram destaque em 2024

Durante o evento, também foram apresentadas as iniciativas de formação ofertadas ao longo do ano pela equipe da Cátedra Sérgio Henrique Ferreira. Com temáticas como análise de dados, liderança escolar e educação antirracista, os cursos chegaram a cerca de 950 profissionais de 100 municípios em 2024. Parte das iniciativas foi realizada com financiamento da B3 Social e também com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), por meio do edital PROEDUCA.

“Percebemos que é importante oferecer um apoio para as redes se apropriarem das informações e conseguirem gerar mudanças via políticas públicas. Por isso, ampliamos nosso eixo de formações. Trabalhamos com modelos híbridos e hoje ganhamos escala. Esse é um grande diferencial da Cátedra”, analisou o gestor de projetos da Cátedra, João Henrique Rafael Júnior. 

Segundo ele, entre os marcos de 2024 estiveram a formação para coordenadores pedagógicos no Mato Grosso do Sul, em parceria com a Fundação de Apoio e Desenvolvimento à Educação Básica (Fadeb); os dois módulos do curso de introdução à análise de dados para redes dos estados de São Paulo e Alagoas, neste último com apoio da Universidade Federal de Alagoas (UFAL); e a formação para a educação antirracista, realizada em parceria com o Instituto Dacor.

“Estive na reunião de lançamento da Cátedra e não imaginava que ela conseguisse tamanho impacto na sociedade. Estou muito impressionado, os números mostram a capacidade de articulação e liderança. Acho que poucas cátedras têm esse impacto que a Cátedra Sérgio Henrique Ferreira tem. A urgência do setor de educação pede essa conexão estreita da academia com o dia a dia das secretarias de Educação”, destacou o diretor presidente da Fundação Educandário de Ribeirão Preto, Marcos Awad. “Nos últimos anos, Ribeirão não avançou nos indicadores de qualidade. A cada ano que a gente perde, deixamos uma geração de crianças menos bem formadas. É urgente apoiar a secretaria de educação para melhorar muito a qualidade da educação na cidade.”

Para Gabriela Rosa, diretora de projetos do Instituto Ribeirão 2030, o momento é propício para essa atuação colaborativa. “Já entregamos um manifesto à secretaria de Educação, trazendo nossa indignação com a baixa qualidade da educação de Ribeirão Preto e elencando seis propostas de prioridades locais. Uma delas é a importância de elaborar um plano de metas, um compromisso concreto com a melhoria da educação e o desenvolvimento de todas as crianças e adolescentes da nossa cidade”, afirmou.

Para Mozart, a cultura de metas é essencial. “Quem não tem meta não tem bússola. Acho que vai haver uma tendência para isso, que o poder público tem que abraçar. Nosso papel é trazer uma base inspiradora e ajudar, sem imposição, levando subsídios para apoiar a gestão. E os professores têm que se sentir parte desse plano. Apenas uma política continuada e monitorada é capaz de mudar a cultura de uma equipe ou organização”, defendeu. “Precisamos compartilhar a responsabilidade de assegurar o direito à educação para todos, promovendo qualidade no território, independente se é rede municipal ou estadual. Para isso, é preciso o regime de colaboração entre município e estado”.

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