Melhorar a aprendizagem nas escolas públicas e reduzir a desigualdade educacional no Brasil só será possível com uma união do poder público, das universidades, do setor privado e do terceiro setor. É o que acredita o professor Mozart Neves Ramos, que é o atual titular da Cátedra Sérgio Henrique Ferreira, do Instituto de Estudos Avançados Polo Ribeirão Preto da USP. Na segunda parte da entrevista ao USP Analisa, que vai ao ar pela Rádio USP nesta sexta, ele explica como funciona esse “quadrado mágico”.
“Conheci um reitor da Universidade Tecnológica de Compiègne, na França, ele costuma usar essa expressão, ‘carré magique’, ou seja, quadrado mágico. É quando você coloca nos quatro vértices do quadrado o poder público, que é o beneficiário dessa ação; o terceiro setor, que são institutos e fundações, braços sociais das empresas; as empresas que não têm institutos e fundações, mas querem financiar a educação; e a universidade, que produz conhecimento e ciência. Quando a gente trabalha esses quatro segmentos de maneira harmoniosa, isso resulta em benefícios fantásticos para a educação. Isso inclusive blinda a questão da descontinuidade, porque não é algo só daquele governo, é algo que envolve todo um conjunto de forças da sociedade local, do território, e ajuda a evitar a descontinuidade e a promover políticas públicas de estado e não de governo”, diz ele.
Segundo Mozart, a Cátedra tem se pautado nessa união de forças para executar seus trabalhos. Graças ao apoio financeiro de instituições como Santander Universidades e B3 Social, foi possível ampliar a atuação inclusive para municípios de outros Estados.
“Nosso trabalho estava muito vinculado a Ribeirão Preto, do ponto de vista de atuação direta na rede pública. Hoje nós estamos com 32 municípios de quatro Estados, Maranhão, Bahia, Pernambuco e São Paulo. Notadamente São Paulo é onde a gente tem um maior esforço, um maior número de municípios, mas a gente saiu de cerca de 20 mil matrículas para 170 mil matrículas de estudantes beneficiados com a ação da Cátedra. Saímos de algo em torno de 34 escolas para 419 escolas. Foi um salto quântico, um salto exponencial de trabalho, o que apenas vem demonstrar a assertividade nossa lá atrás, de ter considerado a aprendizagem e a desigualdade como os dois braços de atuação da Cátedra. E agora, no pós-pandemia, os municípios estão precisando como nunca alavancar as aprendizagens e reduzir as desigualdades. O trabalho da Cátedra se encaixou como uma luva nos desafios municipais no pós-pandemia”, afirma o professor.
O USP Analisa é quinzenal e leva ao ar nesta sexta, às 16h45, um pequeno trecho do podcast de mesmo nome, que pode ser acessado na íntegra nas plataformas de podcast Spotify, Apple Podcasts, Google Podcasts, Deezer e Amazon Music.
O programa é uma produção conjunta do Instituto de Estudos Avançados Polo Ribeirão Preto (IEA-RP) da USP e da Rádio USP Ribeirão Preto. Para saber mais novidades sobre o USP Analisa e outras atividades do IEA-RP, inscreva-se em nosso canal no Telegram.