Elas ainda estão distantes do cotidiano vivido por pesquisadores e universitários, mas já puderam ter uma ideia das contribuições importantes que a ciência traz para nossas vidas. Entre os dias 10 e 14 de dezembro, cerca de 60 meninas entre 11 e 14 anos participaram das atividades do Ciência Por Elas, uma iniciativa promovida pelo Instituto de Estudos Avançados Polo Ribeirão Preto (IEA-RP) da USP, pelo Centro de Terapia Celular (CTC-USP) e pelo Laboratório EcoHumanTox, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da USP.
Inspirado no projeto Meninas com Ciência, realizado pelo Museu Nacional, o evento colocou as adolescentes frente a frente com pesquisadoras e professoras da universidade. O objetivo foi mostrar que as mulheres podem, sim, ocupar lugares de destaque na comunidade científica e estão por trás de muito mais descobertas que se imagina, contrariando a tradicional associação do cientista à figura masculina.
O retorno foi positivo e as meninas que participaram compreenderam bem essa ideia. “Quando a gente veio para cá, a gente veio com uma visão de cientista, e agora a gente saiu com outra. Não sabia que as mulheres tinham inventado tanta coisa assim, foi bem legal”, conta a estudante do 7º ano Maria Júlia Barbosa Silva.
“Não imaginava que o preconceito com as mulheres em relação à ciência fosse gigante. Vou ver a ciência de outra forma, porque é tanta coisa que a gente não sabe e agora ficou sabendo, é outro mundo”, diz Helena Cardinali Bombonatti, que também cursa o 7º ano.
Ao todo, o evento promoveu oito atividades ao longo da semana, sempre envolvendo uma palestra e um tipo de prática. As alunas tiveram, por exemplo, noções de toxicologia e aprenderam o processo de identificação de alguns tipos de substâncias, descobriram curiosidades sobre insetos, entenderam que nem sempre a representação de cientistas no cinema corresponde à realidade, participaram de uma prática para mostrar as bactérias presentes nas mãos, simularam as dificuldades físicas de idosos, conheceram o funcionamento de equipamentos usados em diagnósticos médicos e realizaram extração de DNA da saliva.
Para os pais, a iniciativa também é uma forma das adolescentes começarem a ter contato com o universo acadêmico. “Achei interessante o projeto, principalmente porque minha filha vem de escola pública. Seria uma forma dela conhecer a USP, conhecer os professores, ver como a universidade funciona”, diz Cristiane Costa do Sim, mãe de uma das estudantes que participaram do evento.
Ela conta que se assustou com o fato da filha, Sabrina do Sim de Rossi, de 13 anos, desconhecer a existência da universidade. “Quando eu fui fazer a inscrição dela, ela me perguntou ‘mãe, o que é USP?’. Aí eu já fiquei meio preocupada. Nessa semana em que ela veio para as atividades, mostrei como é o campus, onde fica a faculdade de Farmácia, a de Medicina, porque ela quer fazer Medicina. Agora ela vai ter outros olhos”.
Sabrina diz que o contato com as pesquisadoras e professoras da universidade não apenas levou à descoberta de novos assuntos, como também mudou sua percepção sobre a ciência. “Nunca tinha ouvido falar de toxicologia, não imaginava que dava para fazer tanta coisa com ela. Acho que vou enxergar ciências de outra forma, como uma coisa mais interessante. Mesmo sendo minha matéria preferida, nunca tinha dado muita atenção”.