Os entrevistados Mikiya Muramatsu e Natália Pasternak destacam o papel das informações sobre ciência na construção de um cidadão mais crítico
Divulgar a ciência e o conhecimento produzido pelas universidades ganham cada vez mais importância, principalmente para mostrar à sociedade que existe um retorno dos recursos investidos nessa área por meio do pagamento de impostos. Para discutir a situação da divulgação científica no Brasil, o USP Analisa desta sexta, 12 de maio, recebe o professor do Instituto de Física da USP Mikiya Muramatsu e a coordenadora nacional do Pint of Science Natália Pasternak Taschner.
Para eles, houve uma mudança em termos de comportamento tanto na postura do cientista como divulgador quanto no interesse da população por informações sobre ciência. “O cientista sempre acreditou que não deveria falar de seu trabalho para o público leigo, só apresentar em revistas especializadas, porque para ele o público leigo não tinha capacidade de entender. E o público achava que o cientista não fazia divulgação porque não se importava com o que o as outras pessoas pensavam. Mas hoje o cientista entendeu que o público se interessa sim, desde que as informações sejam passadas em uma linguagem acessível, e o público percebeu que o cientista quer divulgar à sociedade o que está fazendo, até mesmo para ter seu trabalho valorizado por todos”, diz Natália.
Segundo Muramatsu, iniciativas de divulgação científica, seja por meio de projetos em escolas ou mesmo pela criação de museus voltados a esse fim, são fundamentais para formar um cidadão mais crítico. “É preciso cada vez mais dar boas informações, tornar o cidadão crítico do ponto de vista da ciência. Do ponto de vista educacional, então, nem se fala. Porque a educação vai levar à ciência e depois à tecnologia. Um país que não coloca a educação como prioridade número zero dificilmente vai ter um desenvolvimento adequado”.
Natália destacou também os resultados alcançados com o Pint of Science, festival internacional de divulgação científica realizado em dez países e em 22 cidades brasileiras com o objetivo de promover a interação entre cientistas e o público em bares e restaurantes. “É uma maneira muito divertida de divulgar a ciência porque sai daquele esquema de sala de aula. Estamos elevando a ciência ao patamar do futebol, do samba, das coisas sobre as quais a gente gosta de jogar conversa fora no bar. Se podemos falar sobre o Neymar no bar, por que não falar do Artur Ávila, que ganhou a Medalha Fields? Isso é popularizar a ciência, é mostrar para a população que ela é divertida e o que pode fazer pela sociedade”.
A entrevista vai ao ar nesta sexta, 12 de maio, a partir das 12h. O USP Analisa é uma produção conjunta da USP FM de Ribeirão Preto (107,9 MHz) e do Instituto de Estudos Avançados Polo Ribeirão Preto (IEA-RP) da USP.
Mais informações: thcardoso@usp.br