Corte de bolsas impacta na formação de profissionais e na competitividade do país

Corte de bolsas impacta na formação de profissionais e na competitividade do país

O desenvolvimento econômico do país depende diretamente da ciência e do financiamento público desse setor. Afinal, as universidades contribuem para formar profissionais estratégicos em diversas áreas e também são fundamentais para a produção de conhecimento e inovação. Por isso, os cortes no orçamento para pesquisa e pagamento de bolsas aos estudantes podem trazer sérios impactos negativos para a sociedade. O USP Analisa está discutindo a importância desse financiamento e apresenta nesta semana a segunda parte da entrevista com o coordenador do Instituto de Estudos Avançados Polo Ribeirão Preto da USP, Antônio José da Costa Filho e com o repórter especial da superintendência de Comunicação Social da USP Herton Escobar.

Eles lembram que além dos recursos financeiros para a pesquisa, as bolsas são indispensáveis para o andamento dos trabalhos, já que delas dependem os estudantes de graduação e pós-graduação integrantes dos projetos. Os entrevistados ressaltam que trata-se de uma remuneração pelo trabalho desempenhado e não uma “caridade”.  

“O corte de bolsas tem um impacto direto e muito significativo na capacidade do país de produzir ciência. Ou seja, você deixa de formar essas pessoas também, porque elas estão ao mesmo tempo trabalhando e sendo formadas, são profissionais qualificados. Aí você vai precisar, daqui a alguns anos, de engenheiros, de gente formada em farmácia, em biologia e não vai ter porque as pessoas deixaram de fazer pós-graduação para trabalhar desde cedo e pagar suas contas. Não vão existir profissionais com a qualificação necessária para que o Brasil seja um país evoluído, enfim, competitivo no cenário internacional”, explica Herton.

Antônio lembra que as ciências humanas, duramente perseguidas e criticadas pelo governo, têm um papel relevante na compreensão do ser humano, inclusive os responsáveis por atuar na produção das demais ciências. Ele destaca que o próprio tema da reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) neste ano foi justamente “todas as ciências são humanas”.

“A pandemia trouxe um sério impacto socioemocional sobre todo mundo. No nosso universo, de quem está na universidade e lida com os alunos, é muito claro isso. Quem é que vai fazer o diagnóstico desses impactos? Quem é que vai estudar os efeitos disso? Nós, o pessoal da física experimental teórica? Não, né! Quem é que vai pensar como entender as relações de estudo e de trabalho depois da pandemia? A gente precisa ter pessoas debruçadas sobre essas questões. Eu não vejo como produzir conhecimento, fazer ciência e desenvolver novas tecnologias e inovação sem pensar nos aspectos humanos”. diz ele.

A segunda parte da entrevista vai ao ar nesta quarta (1º), a partir das 18h05, com reapresentação no domingo (5), às 11h30. O programa também pode ser ouvido pelas plataformas de áudio iTunes e Spotify


O USP Analisa é uma produção conjunta do Instituto de Estudos Avançados Polo Ribeirão Preto (IEA-RP) da USP e da Rádio USP Ribeirão Preto. Para saber mais novidades sobre o programa e outras atividades do IEA-RP, inscreva-se em nosso canal no Telegram.

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