A recente tragédia no Rio Grande do Sul acentuou as discussões sobre os efeitos trágicos das mudanças climáticas. Porém, além das chuvas intensas, outros fenômenos como a elevação do nível do mar e as ondas intensas de calor podem trazer consequências negativas para a população. Sobre esse último tópico, é fundamental que as cidades se preparem criando abrigos climáticos. O professor do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP, Pedro Roberto Jacobi, que também é integrante do Centro de Sínteses USP Cidades Globais do Instituto de Estudos Avançados, explicou o que é esse tipo de estrutura ao USP Analisa desta sexta (12).
“São soluções que permitem à cidade garantir, principalmente para os grupos mais vulneráveis, respostas de curtíssimo prazo para reduzir o potencial das ondas de calor. As ondas de calor vêm se manifestando de forma crescente, nós estamos observando a Organização Meteorológica Mundial, mês após mês, mostrar aumentos da temperatura. E aumentos da temperatura que obviamente têm impactos sobre as populações idosas, sobre as crianças, as pessoas em geral”, diz ele.
Jacobi coordena em Santos (SP) uma iniciativa financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) voltada a criar esses abrigos e que tem como referência outro projeto desenvolvido em Barcelona, na Espanha, responsável por criar mais de 200 unidades.
“A forma de trabalhar esse projeto é estabelecer um diálogo com o sistema educativo local. Um dos temas importantes é ver de que forma é possível articular as escolas como espaços potenciais para se tornarem abrigos. Boa parte das pessoas no Brasil mora em condições vulneráveis tanto ao frio como ao calor e muitas moram na rua. Também são números que não são desconsideráveis. Então a solução dos abrigos climáticos é principalmente dar um acolhimento às pessoas que não têm ar condicionado porque não têm renda para comprar. As moradias, no caso brasileiro, não possuem um sistema de proteção tanto contra as elevadas temperaturas quanto contra as baixas temperaturas. Nós não temos formas de construção como, por exemplo, nos Estados Unidos e na Europa, que são afetados permanentemente em cada inverno por temperaturas abaixo de zero”, afirma.
O USP Analisa é quinzenal e leva ao ar pela Rádio USP nesta sexta (12), às 16h45, um pequeno trecho do podcast de mesmo nome, que pode ser acessado na íntegra nas plataformas de podcast Spotify, Apple Podcasts, Google Podcasts, Deezer e Amazon Music.
O programa é uma produção conjunta do Instituto de Estudos Avançados Polo Ribeirão Preto (IEA-RP) da USP e da Rádio USP Ribeirão Preto. Para saber mais novidades sobre o USP Analisa e outras atividades do IEA-RP, inscreva-se em nosso canal no Telegram ou em nosso grupo no Whatsapp.