Dados do IBGE mostram que quase 24% dos brasileiros apresentam algum tipo de deficiência, seja em enxergar, ouvir, se deslocar ou mesmo mental e intelectual. Porém, apenas 6,7% da população são considerados, de fato, pessoas com deficiência. Mas como essas pessoas são afetadas pelas atuais políticas públicas de inclusão e de assistência? Para discutir esse assunto, o USP Analisa desta semana recebe a docente da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da USP, Fabiana Faleiros.
Ela explica que a diferença nas estatísticas foi fruto de uma mudança na forma do IBGE coletar os dados do Censo, e também reflete uma dificuldade na compreensão das deficiências. “Hoje é muito difícil você conceituar isso porque existem pessoas com uma deficiência que, por exemplo, não é visível aos olhos de uma pessoa leiga. Então acontece muito com as crianças com Transtorno do Espectro Autista, que às vezes elas têm um comportamento que não é esperado na sociedade e logo as pessoas julgam aquela família, que aquela criança não foi bem educada, que ela tá tendo um comportamento adequado e não percebem que aquela pessoa tem uma deficiência, tem uma dificuldade e ela deve ser considerada antes desses julgamentos”.
Fabiana ressalta a importância de iniciativas de inclusão e cita como exemplo a metodologia Emprego Apoiado, que já é aplicada por algumas instituições no Brasil e leva em consideração escolhas, interesses, pontos fortes e necessidades de apoio da pessoa com deficiência. “As pessoas com deficiência precisam ser estimuladas à autonomia. Existem dois tipos de autonomia: uma é autonomia de execução, que é conseguir realizar. Mas eu posso preservar em qualquer pessoa a autonomia de decisão. Mesmo que ela não consiga executar, ela decide sobre a própria vida. Isso é muito importante e a gente vê que os especialistas no Emprego Apoiado conseguem incluir até mesmo pessoas com deficiências consideradas severas. E isso para a pessoa é um ganho muito grande. Porque não traz felicidade ficar em casa o dia todo não sendo produtivo, as pessoas querem produzir”.
A docente vai falar ainda sobre o projeto D+Eficiência, que disponibiliza um portal e uma rede social voltada a divulgar informações baseadas em evidências científicas sobre os diversos tipos de deficiências.
O programa vai ao ar nesta quarta (26), às 18h05, com reapresentação no domingo (1), às 11h30. O USP Analisa é uma produção conjunta do Instituto de Estudos Avançados Polo Ribeirão Preto (IEA-RP) da USP e da Rádio USP Ribeirão Preto.
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