Tentativas de mudança na política externa brasileira trazem preocupação

política externa brasileira

Integrante da lista de 193 países que compõem a Organização das Nações Unidas, o Brasil é conhecido por uma diplomacia que contribui para o multilateralismo e a cooperação internacional. Essa característica, segundo o docente do Instituto de Relações Internacionais da USP Pedro Dallari, é considerada “um patrimônio da sociedade brasileira” e deve ser preservada. Para discutir os rumos da política externa brasileira, o USP Analisa exibe a partir desta semana um especial de dois programas com Dallari, que também é um dos colunistas da Rádio USP.

Ele explica que a personalidade da diplomacia brasileira vem sendo construída desde o final do século XIX, com o diplomata José Maria da Silva Paranhos Júnior, o Barão do Rio Branco, conhecido por atuar na consolidação da posse do território do Acre. “O Brasil apoia muito a cooperação multilateral com outros países, tem uma agenda tradicional de promoção dos direitos humanos. Isso ficou muito fortalecido depois do fim da ditadura militar, em 1985. [Também] tem engajamento em políticas de proteção do meio ambiente, enfim, na solução pacífica dos conflitos. E é tão importante isso, que em 1988 isso foi inscrito na Constituição brasileira. A Constituição do Brasil tem um artigo, o artigo 4°, que estabelece esses princípios como diretrizes da política externa. Ou seja não é a política externa de um governo, é a política externa do estado brasileiro.”, diz Dallari.

O docente vê com preocupação as tentativas de mudança nessa política externa feitas pelo atual governo do presidente Jair Bolsonaro. Para ele, a soberania nacional, defendida por Bolsonaro principalmente em questões envolvendo a Amazônia, não pode ferir interesses e direitos de toda a humanidade. 

“A soberania implica direitos e responsabilidades: o direito de se autogovernar, mas também a responsabilidade de preservar as condições de vida dos indivíduos que vivem no país e da comunidade de seres humanos de maneira geral. O mesmo vale para o meio ambiente hoje. É evidente que no cenário de estresse ambiental em que o mundo vive com o aquecimento global, há uma responsabilidade que é de todos em preservar as condições ambientais que propiciem, inclusive, a sobrevivência da espécie humana. Então, ao mesmo tempo em que o Brasil tem em sua soberania o direito de governar seu território, tem também a responsabilidade de fazer esse governo em benefício da população brasileira e da comunidade de seres humanos de todo o mundo”, afirma ele.

A entrevista vai ao ar nesta quarta (27/11), às 18h05, com reapresentação no domingo (01/12), às 11h30. O USP Analisa é uma produção conjunta do Instituto de Estudos Avançados Polo Ribeirão Preto e da Rádio USP Ribeirão Preto.

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