Cátedra apresenta relatórios com indicadores educacionais de municípios parceiros

Cátedra apresenta relatórios com indicadores educacionais de municípios parceiros

As redes de ensino de Jundiaí e Francisco Morato, no interior de São Paulo, receberam em
primeira mão análises que podem ajudar a reduzir a desigualdade entre escolas e avançar na
aprendizagem dos estudantes. A entrega aconteceu entre os dias 24 e 25 de maio, como parte
da parceria com a Cátedra Sérgio Henrique Ferreira do Instituto de Estudos Avançados Polo
Ribeirão Preto da USP. A iniciativa conta com apoio da Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp)
.

Por meio da parceria, a equipe da Cátedra utilizou métodos estatísticos para analisar cinco
indicadores dos municípios e compreender quais as principais potencialidades e pontos a
avançar em cada um. Para qualificar a leitura dos dados, o relatório foi apresentado
pessoalmente pelo titular da Cátedra, Mozart Neves Ramos, às secretárias municipais de
Educação e suas equipes técnicas. “Queremos pensar em conjunto com as lideranças locais
quais são as informações mais estratégicas para a tomada de decisão, e apoiar o desenho de
políticas públicas que tenham base nessas evidências”, afirmou Mozart.

“Para nós foi muito positivo o resultado da nossa aproximação com a Cátedra, eu sempre
defendi que a academia tem que estar mais próxima da política pública, não adianta
estudiosos produzirem suas teses e sem conhecer nossa realidade”, disse a Secretária
Municipal de Educação de Francisco Morato, Lélia Hartmann. “Já esse trabalho com a Cátedra
contribuiu demais, é muito relevante. Tenho certeza de que para a nossa equipe já provocou
uma transformação, só de criar esse vínculo e a relação com tudo o que o grupo fez”.

Na primeira parte do relatório, é apresentada a porcentagem de variância, que mostra como
as escolas da rede se diferenciam em relação ao desempenho médio, e qual o indicador mais
responsável por esta variação. Como a desigualdade entre escolas é multifatorial, ou seja,
pode acontecer por conta de diversos fatores, em geral são muitas informações para se
analisar, e pode ser difícil chegar a uma conclusão sobre o que está gerando essa diferença de
desempenho e como revertê-la.

Por isso, a pesquisa utiliza uma técnica chamada de análise de componentes principais, que
tem o objetivo de concentrar em poucas dimensões as informações de grandes conjuntos de
dados. Neste caso, são analisadas as porcentagens de estudantes com aprendizado adequado
em Língua Portuguesa, em Matemática, a nota padronizada da escola, a taxa de aprovação
(fluxo escolar) e a distorção idade-série (quantos estudantes têm dois ou mais anos de idade
acima do esperado para cada série), compilados em uma matriz de apenas duas dimensões.

Em Jundiaí, por exemplo, 39 escolas tinham todas as informações destes 5 indicadores para a
análise do ano de 2019, sendo que a taxa de variância foi de 34%, representada em um gráfico
que indica a posição de cada escola com desempenho acima e abaixo da média da rede. No
estudo, foi possível identificar que o desempenho em Matemática foi o maior responsável pela
desigualdade entre as escolas, e que três unidades de ensino tiveram um desempenho mais
distante do restante do grupo naquele ano. A mesma análise é feita para outros anos também,
possibilitando identificar as escolas que tiveram maiores avanços, ou perdas de desempenho
ao longo do período.

Na segunda parte do relatório, um mapa georreferenciado mostra visualmente a localização
de cada escola e qual seu nível em relação à média do município, permitindo um olhar
sistêmico e que pode indicar escolas em condições socioeconômicas parecidas, ou com
características locais semelhantes, mas com resultados muito diferentes. Em situações como
esta, por exemplo, pode ser interessante promover o diálogo e a troca de experiências entre
as duas unidades, visando aproximar o resultado entre elas.

“Quando o relatório coloca no mapa do território fica bem nítido com as evidências aquilo que
nós percebíamos pela vivência, pois os indicadores de uma região da cidade são todos
melhores do que da outra área, que tem um grau elevado de vulnerabilidade. Agora para nós a
grande pergunta é: o que vamos fazer além do que já fazemos para melhorar os resultados
desta área que apresenta mais dificuldades?”, analisou Lélia Hartmann.

O terceiro recorte do relatório é o mapa de radar, que apresenta as cinco dimensões
analisadas em um comparativo com a média do Estado de SP e com o Brasil, permitindo uma
leitura contextual e com referências para além do município. “É um privilégio ter um estudo
assim tão organizado e que vai nos auxiliando a saber o que fazer, sem achismos”, afirmou a
secretária de Educação de Jundiaí, Vastí Ferrari Marques. “Podemos procurar entender melhor
a realidade das escolas que estão demonstrando maiores desafios, olhar para aspectos de
gestão e para a interlocução com a Educação Infantil, pois é importante acabar com a ruptura
entre esses segmentos, que muitas vezes pode causar dificuldades de aprendizagem ao longo
do Fundamental”, completou.

Outro caminho a partir dos mapas, segundo ela, é promover um mergulho nas escolas com
bons resultados para identificar aspectos que podem ser referência para as demais, tanto na
organização da rotina escolar quanto no entendimento do currículo e adoção de melhores
práticas pedagógicas ou demais fatores que podem ser significativos para provocar uma
melhoria nos indicadores.

“Aqui em Francisco Morato a gente vem trabalhando com foco em melhorar os resultados,
mas no nosso dia a dia estamos com muitas atribuições, então ter um grupo de pessoas que
quer pensar junto e trazer um olhar diferenciado contribui demais, é muito inspirador quando
o Mozart traz o olhar dele, com todos os critérios da análise e abre para nós várias
possibilidades”, afirmou Lélia. Segundo ela, os dados serão levados a todos os diretores
escolares e as análises do relatório vão compor a elaboração do Projeto Político-Pedagógico da
rede.

Segundo Mozart, o objetivo agora é que as equipes municipais façam suas leituras dos
números e apresentem algumas ideias de ação com as quais a Cátedra possa seguir
contribuindo em busca de aprimorar os resultados. “A ciência dos dados ajuda a dar mais
visibilidade para as situações que podem ser referenciais, entender quais os esforços
necessários para aprimorar os resultados das escolas que ainda estejam mais para trás, e além
disso como elevar o desempenho do conjunto todo”, reforçou Mozart.

Outros três municípios participantes do projeto apoiado pela Fapesp ainda receberão seus
relatórios no mês de junho. Além de ter as análises personalizadas, as redes parceiras da
Cátedra também recebem acesso a outros materiais e cursos produzidos pela equipe,
participam de eventos, reuniões técnicas e outras atividades em conjunto com os municípios
parceiros e outras organizações.

Secretarias de Educação de municípios de médio porte que não fazem parte da rede de
colaboração da Cátedra Sérgio Henrique Ferreira e tenham interesse em participar, podem
entrar em contato pelo e-mail iearp@usp.br.

Texto: Marília Rocha – Assessoria de Comunicação da Cátedra Sérgio Henrique Ferreira

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